domingo, abril 19, 2009

Perdidos e Achados

Desde há vários anos que existe um protoloco de intercâmbio de âmbito social, cultural e educativo entre a EB2/3 Dr. Joaquim de Magalhães, na cidade de Faro e uma sua congénere de Rabat, em Marrocos. Até agora, este salutar convívio entre comunidades vizinhas tem sido benéfica, de tal forma que os alunos portugueses, na hora de regresso, trazem sempre uma lágrima no canto do olho.
Mas hoje, o inesperado aconteceu, quando no acordar das quatro horas da madrugada, alguém se terá esquecido de despertar dois alunos, de 14 anos que estavam sózinhos num quarto, e ninguém, na entrada do autocarro, terá verificado as presenças e as ausências.
O Autocarro partiu rumo a Tânger (cerca de 400 km de distância) de forma a apanharem o barco que atravessa o estreito e previsível chegada, talvez madrugada fora, à cidade de Faro.
Os alunos esquecidos ao acordarem verificaram que tinham sido abandonados (por negligência ou por dolo? A resposta só os responsáveis saberão; na verdade entre um dos professores e um destes alunos sempre existiu uma tensão, em termos de comunicação...), num país desconhecido e sem conhecimentos mínimos para encetarem qualquer diálogo; entraram em pânico total e um deles só conseguiu contactar com os pais através de uma cabine telefónica; para mais, o responsável da viagem tinha o telemóvel desligado e foi só através da amabilidade e grande capacidade de sacrifício de um Professor Marroquino que os levou ao encontro do autocarro, a expensas do próprio,que os dois alunos vão poder regressar hoje a Portugal.
A solução alternativa seria a de alguns dos familiares, funcionários públicos, irem, ainda hoje, resgatá-los, apesar de não terem nem vistos nem passaportes, estilo desenrasque tuga?
Neste tipo de viagens, todos são responsáveis, alunos (colegas) e principalmente os professores.
É por estas e por outras ocorrências que determinadas atitudes de alguns professores levam a opinião pública mais a propaganda demagógica e fascizante deste Governo a desconsiderarem esta classe profissional.
Sendo gestor, sinto-me solidário com a luta pela dignificação da profissão exercida, por estes Homens e Mulheres que com grande sacrifício exercem esse Mister/Arte, porque está na capacidade de cada sociedade, via valorização e rigor das aprendizagens do conhecimento e da comunicação dos professores, o desenvolvimento social e económico dela mesmo.
Este Governo autista e incompetente ainda não compreendeu o verdadeiro alcance que reside no respeito por este capital humano que tem sido enxovalhado e denegrido.
Ora, uma situação desta natureza não se pode repetir, porque pode empobrecer (o Governo irá, indevidamente tirar as respectivas ilações e usá-las na sua medíocre propaganda) as razões válidas de luta dos professores contra este Ministério da Deseducação, em vias de ser drenado.

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